DADOS DA SSP

Campinas registra aumento nos casos de roubo de carga

Ao todo, março de 2024 acumulou 17 ocorrências na cidade, enquanto no mesmo mês de 2023 foram sete

Alenita Ramirez/ [email protected]
05/05/2024 às 11:22.
Atualizado em 05/05/2024 às 11:22
Ataques acontecem principalmente nas rodovias da região, já que elas são importantes no escoamento da mercadoria (Alessandro Torres)

Ataques acontecem principalmente nas rodovias da região, já que elas são importantes no escoamento da mercadoria (Alessandro Torres)

Apesar de uma leve queda em relação à fevereiro, o número de roubos de carga em março deste ano, em Campinas, superou o número registrado em igual período de 2023. De acordo com as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública (SSP), foram 17 casos contra sete em março do ano passado. O maior aumento até agora foi em fevereiro quando a taxa foi de 283,3% a mais em relação ao mesmo mês do ano passado – de seis para 23.

“Esse crescimento que houve na região de Campinas é muito prematuro, pois é um recorte de um período muito curto. Em todo o Estado de São Paulo houve uma queda nos índices de roubo de carga em decorrência de ações de combate a esse tipo de crime na capital, na Grande São Paulo e algumas cidades do interior”, comentou o delegado Oswaldo Diez Júnior, responsável pelo Programa de Prevenção de Furtos e Roubos (Procarga).

Entre as ações realizadas, segundo Diez, estão a manutenção de viaturas em locais estratégicos, em horários e pontos vulneráveis, além da descoberta de centro de operações das quadrilhas. “É feito um monitoramento de todos os índices de roubo, furto e desvio de carga em todas as regiões do estado. Estamos monitorando a região de Campinas e as forças de segurança estão atentas. Se houver a necessidade de ações específicas, faremos”, frisou o delegado.

Em março, considerando toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC), foram registrados 25 assaltos a caminhoneiros, quase o dobro de 2023 (14). A maior parte das abordagens aconteceu nas estradas que cruzam a região. Diversos suspeitos já foram identificados e presos pela Polícia Civil neste ano. As guardas municipais e também a Polícia Militar (PM) realizaram prisões em flagrantes de criminosos envolvidos em roubos de cargas.

No ano passado, a Polícia Federal (PF) desarticulou uma quadrilha que sequestrava as vítimas e pedia aos familiares dinheiro para o resgate. Ainda com a vítima no cativeiro, os criminosos realizavam uma ligação de vídeo para a família, exigiam dinheiro e mostravam as ameaças feitas ao sequestrado.

No início do mês passado, policiais da Delegacia em Investigações Gerais (DIG) de Americana desarticularam um grupo criminoso ligado a uma facção criminosa que roubou e sequestrou um motorista do estado do Paraná. O condutor passava por Santo Antônio de Posse e foi mantido em cativeiro na cidade de Hortolândia por mais de 24 horas. Além desta vítima, os criminosos também mantiveram outros dois motoristas no mesmo cativeiro e os liberaram em Campinas. 

Os criminosos usaram o mesmo modus operandi de uma associação criminosa desarticulada pela PF em 2023, que agia na região de Campinas, cujos líderes eram de São Paulo.

Na investigação da DIG de Americana, os policiais civis descobriram o sequestro do motorista paranaense porque a família da vítima foi ameaçada a pagar resgate de R$ 20 mil. Como só conseguiu R$ 10 mil, a família acionou a polícia de Marialva (PR) após pagar os 50% do montante exigido. Os policiais daquele estado entraram em contato com as autoridades em São Paulo e foi feito um cerco para identificar e prender os suspeitos.

Através da transferência bancária, os policiais civis conseguiram identificar um dos suspeitos em Americana. Apesar de ele não ter sido localizado, duas mulheres que emprestaram as contas para serem utilizadas no crime e um traficante que fornecia drogas para o suspeito foram presos. O criminoso envolvido no sequestro do motorista do Paraná segue foragido.

Com a investigação, os policiais descobriram que o grupo era uma organização criminosa voltada a prática de diversos crimes patrimoniais, com uso de violência, que agia na região e tinha extensão até para fora do Brasil, já que os caminhões eram levados para o Paraguai.

De acordo com os agentes, o grupo é “dotado de agentes com atribuições específicas e que agem de maneira orquestrada, de modo a angariar valores financeiros de variadas formas, seja por meio da subtração de veículos e cargas com uso de violência e grave ameaça, seja constrangendo as vítimas a intenso sofrimento físico e mental, seja submetendo familiares das vítimas a realizarem transferências bancárias, tudo a denotar que as hediondas condutas são voltadas a um mesmo fim ou interesse”.

ESTRADAS

De acordo com especialistas em segurança pública e também policiais, a região de Campinas historicamente teve alto índices de roubo de carga. Os ataques acontecem principalmente nas rodovias, já que elas são muito importantes no escoamento de mercadoria. Somado a isso, a região conta com polos comerciais pujantes e com o maior aeroporto de carga, o Aeroporto Internacional de Viracopos.

Algumas das abordagens criminosas acontecem em pontos habituais de paradas dos caminhoneiros. Apesar do trabalho de patrulhamento da Polícia Militar Rodoviário (PMR), os criminosos agem em momentos em que não há viaturas transitando por perto.

Pelo esquema descoberto pelas forças de segurança, os bandidos usam um “olheiro” que circulam as rodovias em um veículo “quente”. Além de encontrar o alvo e informar aos comparsas, ele também tem a função de checar sobre o movimento de viaturas nas estradas.

RECUPERAÇÃO DE CARGA

Em março, a Guarda Municipal de Campinas recuperou duas cargas roubadas na área urbana da cidade. Uma dela continha duas mil unidades de bebidas, entre latas de cerveja, garrafas de bebidas destiladas e refrigerante, que foram roubadas de um motorista que fazia entrega no Jardim Fernanda. Os produtos foram encontrados em um terreno baldio no Jardim Campo Belo, após uma equipe encontrar o caminhão e a vítima na Rodovia Miguel Melhado. Com dados do rastreador do veículo, foi possível identificar onde a carga tinha sido abandonada. Na época, ninguém foi preso.

Também em março, a GM recuperou uma carga avaliada em R$ 3,8 mil que havia sido roubada horas antes. As mercadorias que pertencem a um site de compras foram encontradas em uma residência no bairro Vila Aeroporto. A carga foi localizada com a ajuda do rastreador. Ambos os casos são investigados pelo 9º Distrito Policial (DP) e Delegacia de Investigações Gerais (DIG).

Apesar do alto índice de roubo de cargas, os registros de furto e roubo de veículos em Campinas, em março, apresentaram queda. Os roubos tiveram queda de 16% em relação ao mesmo período de 2023, despencando de 140 no ano passado para 117 neste ano. O furto de veículo caiu de 354 para 300 em 2024.

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