COMBATE AO AEDES

Dengue causa mais uma vítima fatal na RMC

Prefeitura de Itatiba confirmou primeira morte na cidade, em 2024, em decorrência da doença; óbito é o sexto registrado na região

Paulo Medina/ [email protected]
23/03/2024 às 09:58.
Atualizado em 23/03/2024 às 09:58
Região tem se mobilizado para atuar em mutirões aos fins de semana; amanhã, em Campinas, equipes de combate à dengue vão atuar em 11 bairros, como o Parque Oziel (foto), Jd. Icaraí, Jd. do Lago II e Jd. Monte Cristo (Alessandro Torres)

Região tem se mobilizado para atuar em mutirões aos fins de semana; amanhã, em Campinas, equipes de combate à dengue vão atuar em 11 bairros, como o Parque Oziel (foto), Jd. Icaraí, Jd. do Lago II e Jd. Monte Cristo (Alessandro Torres)

Itatiba confirmou o primeiro óbito por dengue em 2024, o que elevou o total de vítimas fatais em decorrência da doença na Região Metropolitana de Campinas (RMC) para seis no ano. A Prefeitura divulgou que o homem que morreu tinha 75 anos e começou a sentir sintomas da doença em 16 de fevereiro, tendo falecido no dia 22. O município confirmou 849 casos de dengue e, além da morte, há um caso considerado grave. 

A RMC contabiliza 36.365 casos de dengue, alta de 35,2% em uma semana, em relação aos 26.882 casos na semana anterior. Atualmente, são 30 casos graves na região. O panorama de óbitos na RMC pode aumentar nos próximos dias, uma vez que são 17 mortes suspeitas em investigação na região.

"No momento Itatiba não está em estado de emergência, mas a situação vem sendo acompanhada e monitorada de perto pela administração municipal. Medidas preventivas e também para dar suporte a quem está com a doença ou com sintomas foram tomadas e seguem em vigor" disse a Prefeitura de Itatiba, que também afirmou fazer ações intensificadas de combate à doença, como visitas de agentes de saúde casa a casa, mutirão de limpeza e pulverização.

SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

O grave momento da dengue na região levou mais uma cidade a decretar estado de emergência. A Prefeitura de Valinhos decretou na quinta-feira (21) estado de emergência. A medida foi publicada na edição extra dos atos oficiais e se refere à adoção de todas as medidas administrativas e assistenciais necessárias à contenção do aumento do número de casos de arboviroses no município, que chegou aos 1.699 casos confirmados da doença nesta sexta.

Agora, nove das 20 cidades estão nessa situação: Campinas, Jaguariúna, Pedreira, Santo Antônio de Posse, Nova Odessa, Artur Nogueira, Vinhedo, Holambra e, por último, Valinhos.

O estado de emergência garante mais agilidade e flexibilidade nas medidas de combate à dengue, como compras de insumos, medicamentos e contratações de serviços. 

O secretário da Saúde de Valinhos, João Gabriel Vieira, explicou que é considerada epidemia o registro de 300 casos por 100 mil habitantes. Atualmente, a incidência de Valinhos está em 1.080 casos a cada 100 mil. Ele acredita que o número de casos vai aumentar entre os meses de abril e maio. "Por isso, a intenção da Secretaria da Saúde é ter maior capacidade para se preparar para o aumento de casos, principalmente em nível de atendimento e retaguarda hospitalar."

Quase quatro mil pessoas já passaram por atendimento em Valinhos e fizeram testes de dengue. O secretário relatou que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) registrou recorde de atendimento na segunda-feira (18), com 550 em 24 horas. De acordo com ele, oito pessoas estavam internadas na UTI da Santa Casa por conta da doença.

Segundo o secretário, a Prefeitura de Valinhos está com várias ações para conter o avanço da dengue. Além das medidas tradicionais, houve o aumento de médicos na UPA e descentralização do atendimento, com a disponibilização das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Bom Retiro, Jardim Paraíso e São Marcos, no período das 16h às 18h30, de segunda a sexta-feira, para que possam receber pacientes sem a necessidade de agendamento e realizar testes de dengue. "No entanto, precisamos ampliar as ações e a emergencialidade nos permitirá (ter) mais resolutividade", afirmou Vieira.

SOBRECARGA NOS HOSPITAIS

Especialistas têm alertado para a previsão de sobrecarga com filas maiores e espera elevada nos prontos-socorros da rede pública de saúde regional nas próximas semanas por conta do pico da dengue.

A infectologista Artemis Kilaris enfatizou que as prefeituras têm de intensificar ainda mais as campanhas de “Cata-Treco”. “Não tenho visto isso acontecer com muito empenho. Além disso, é preciso conscientizar a população para que deixe os agentes sanitários entrar nas residências para vistorias. E por último, tem de realizar fumacê nos bairros com maior incidência de casos”, disse. Ela ressaltou a importância da hidratação para pacientes suspeitos ou com casos confirmados de dengue. Segundo ela, ao surgir a suspeita da doença, é crucial que o paciente inicie imediatamente a ingestão de líquidos, além do uso de antitérmicos e analgésicos. Kilaris destacou que a hidratação é o aspecto prioritário nesse contexto, sendo fundamental orientar o paciente a respeito. Além disso, ressaltou os sintomas de gravidade que exigem retorno ao hospital ou pronto-socorro, como sonolência excessiva, desidratação intensa, vômitos persistentes, febre elevada, dores abdominais ou qualquer tipo de sangramento.

CAMPINAS

Segundo o Painel das Arboviroses da Prefeitura, Campinas chegou a 25.768 casos nesta sexta-feira. Somente no Jardim Eulina há 1.022 casos confirmados, seguido do São Quirino, com 704, União de Bairros, 603, e Santo Antônio, 577. 

Na segunda-feira, a Secretaria de Saúde de Campinas confirmou a quarta morte por dengue. O número fez com que o município superasse em menos de três meses os três óbitos em decorrência da doença durante todo o ano passado. A vítima foi um homem de 72 anos que faleceu no dia 3 de março após apresentar os primeiros sintomas em 27 de fevereiro. Ele residia na área de abrangência do Centro de Saúde União dos Bairros e foi atendido na rede pública de saúde. A análise confirmou infecção pelo sorotipo 2 da dengue. No início de fevereiro, Campinas confirmou os primeiros casos causados pelos sorotipos 2 e 3 do vírus, que não circulavam desde 2021 e 2009. 

AÇÕES E ATENDIMENTO NO FIM DE SEMANA

Campinas anunciou a ampliação do horário de funcionamento de nove centros de saúde aos sábados e de um aos domingos para aliviar a pressão nas unidades da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. Em meio à epidemia, a Pasta decidiu que, a partir deste final de semana, as unidades do Florence, Valença, Ipê, Aeroporto, Capivari, Santo Antônio, União de Bairros, Aurélia e São Quirino ficarão abertas das 7h às 17h, aos sábados, para receber pacientes, sendo que a partir das 13h a prioridade será voltada às pessoas que aparecerem com sintomas típicos da dengue. 

A Pasta divulgou que três centros de saúde continuarão abertos nos sábados durante o período já convencional, das 7h às 13h (DIC I, Santa Lúcia e Vista Alegre) e que vai reforçar o esquema de assistência com funcionamento excepcional do CS Campo Belo, também das 7h às 17h, para receber pacientes com suspeita da doença, como febre, dor de cabeça, dor no corpo e nos olhos, vômito, dor nas articulações e manchas vermelhas no corpo.

No domingo, a Secretaria de Saúde decidiu abrir o CS São Bernardo das 7h às 17h para o atendimento prioritário aos casos suspeitos da doença. 

Em uma semana, a busca de pacientes por assistência na Rede Mário Gatti subiu 43,5% por conta da dengue e outras demandas. Foram 2.447 atendimentos em 11 de março, número que uma semana depois, no dia 18, saltou para 3.512. 

Em Campinas, mais um mutirão acontece neste sábado (23) para combater os focos de criadouros do Aedes aegypti. Equipes de combate à doença vão percorrer imóveis de 11 regiões a partir das 8h. Estão na lista o Parque Oziel, Gleba B, Jardim Monte Cristo, Jd. do Lago 2, Jd. Stella, Jd. Icaraí, Jd. Irajá, Jd. Santa Cruz, Jd. das Bandeiras (1 e 2) e Jd. São José.

Jaguariúna também terá um mutirão. Os bairros 12 de Setembro e Jardim Imperial vão receber o mutirão contra a dengue neste sábado (23), das 8h às 16h. A Prefeitura pede que os moradores permitam a entrada dos agentes de saúde em seus imóveis.

Em Nova Odessa, neste sábado de "Dia D" contra o mosquito, a Prefeitura, voluntários e instituições parceiras promovem a partir das 8h, no Jardim Alvorada, o 2º mutirão contra a dengue. Os voluntários vão atuar nas residências em apoio à equipe do Setor de Zoonoses.

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