XEQUE-MATE DA ECONOMIA

IGP-M

Estéfano Barioni
02/05/2024 às 09:04.
Atualizado em 02/05/2024 às 09:04
O IGP-M encerrou o mês de março com alta de 1,74% (Reprodução)

O IGP-M encerrou o mês de março com alta de 1,74% (Reprodução)

O IGP-M de abril foi divulgado apresentando alta de +0,31% no mês, interrompendo uma sequência de duas variações mensais negativas (-0,52% em fevereiro e -0,47% em março). Além de ter sido a maior variação mensal registrada neste ano, o dado do IGP-M de abril superou as expectativas do mercado, que esperava variação próxima de 0,0%. Apesar disso, o IGP-M continua no campo negativo tanto no acumulado dos últimos 12 meses, como no acumulado de 2024.

Acumulado

Nos primeiros quatro meses de 2024, o IGP-M acumula uma variação negativa de -0,61%. Um começo de ano com uma retração tão negativa deste índice aconteceu apenas em 2009, ano em que os impactos da pandemia na atividade econômica foram fortemente sentidos. Nos últimos doze meses, o IGP-M acumula retração de -3,04%. Em abril do ano passado, a variação mensal foi de -0,95% e o acumulado nos doze meses anteriores estava em -2,17%.

FRASE

"Os fatos não deixam de existir apenas por serem ignorados." 

Aldous Huxley, escritor britânico 

Atacado

Em abril, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa a maior parte da variação do IGP-M (com peso de 60% nesse índice), apresentou alta de +0,29%. No mês anterior, a variação do IPA havia sido de -0,77% e este subíndice tem sido o responsável pela contenção do IGP-M no campo negativo. No acumulado dos últimos doze meses, o IPA continua com uma forte variação negativa de -5,41% ao ano.

Estágios de Produção

Na variação mensal, os produtos industriais tiveram queda de -0,13% enquanto os produtos agropecuários apresentaram alta de +1,47%. Nos diferentes estágios da produção, as matérias-primas brutas tiveram pequena alta de +0,24%, os bens intermediários tiveram alta de +0,72% e os bens finais recuaram -0,13%. Nos últimos doze meses, os preços das matérias-primas acumulam variação negativa de -10,81%, enquanto os bens finais apresentam recuo de -1,08%.

Consumo

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de +0,32% no mês de abril e acumula elevação de +3,00% nos últimos doze meses, bastante em linha com o IPCA e outros índice de inflação ao consumidor. As áreas que mais acumulam alta nos últimos doze meses são gastos com saúde (+4,13%) e despesas diversas (+5,69%). Os gastos com alimentação registraram alta de +0,83% no mês.

Construção

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve variação de +0,41% em abril, apresentando alta maior do que o IGP-M. Nos últimos doze meses, o INCC acumula alta de +3,48%, com maior influência dos custos de mão de obra, que tiveram alta de +0,74% em abril e acumulam alta de +6,81% em doze meses.

Variações

Os aumentos mais significativos do mês vieram de alguns alimentos in natura como o mamão papaya (+25,6%), o tomate (+16,2%), a cebola (+14,9%), e o café em grão (+9,6%). Condições climáticas adversas continuam penalizando a oferta de algumas culturas. Acima de todas essas variações, o preço do cacau se destaca com alta de +63,6% em abril, também devido à redução da oferta por crises ambientais e agrícolas nos principais produtores mundiais, Costa do Marfim e Gana.

Variações 2

Na construção, o maiores aumentos vieram de condutores elétricos (+3,61%) e da mão de obra de pintores (alta de +2,2%) e pedreiros (+1,0%). No caso dos condutores elétricos, a alta é motivada por aumentos no preço do cobre, cujo preço internacional passou de US$ 3,70 no começo de fevereiro para uma cotação atual de US$ 4,63 por libra, apresentando aumento de +25% em pouco menos de dois meses.

Sensibilidade

Apesar da evolução do IGP-M acumulado continuar negativa e abaixo da média histórica do índice, a variação mensal foi mais alta do que o esperado. A expectativa atual é de que o IGP-M comece a acelerar e a recuperar terreno, podendo já no próximo mês passar para o campo positivo no acumulado dos doze meses anteriores. As variações de algumas commodities, como o cobre e o cacau, mostram que seu equilíbrio de preços é muito sensível a choques de oferta.

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