IGP-M

A divulgação do IGP-M de março, recém realizada pela FGV, revelou nova retração significativa deste índice que apresentou variação negativa de -0,47% na comparação com fevereiro. O resultado estende a queda registrada no mês passado, quando o índice teve queda de -0,52%. Em março do ano passado, o IGP-M havia tido uma pequena variação de +0,05%, passando a registrar retrações nos cinco meses seguintes.

Importância

Acompanhar a evolução do IGP-M é importante por algumas razões. Para quem vive de aluguel, o IGP-M é o índice de reajuste utilizado na maioria dos contratos. Embora tenha crescido o uso de outros índices, como o IPCA, o IGP-M ainda aparece como índice preferencial. No entanto, mesmo quando outro índice é utilizado, acompanhar o IGP-M é interessante porque sua variação influencia os preços do mercado.

FRASE

"Não existe algo simples. O simples é complicado

Martin Scorsese, cineasta norte-americano

Importância 2
Além disso, o IGP-M é uma boa representação da inflação ao produtor. Com 60% de sua variação correspondendo ao Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA, também chamado de índice de preços no atacado), o IGP-M captura a variação dos preços de commodities e matérias primas e outros insumos em geral utilizados pelos produtores. Com isso, muitas vezes o IGP-M antecipa choques de preços que podem chegar ao consumidor.

Acumulado
Com o resultado deste mês, o valor do IGP-M acumulado avança ainda mais no campo negativo. Agora, a variação do IGP-M acumulada em doze meses é de -4,26% ao ano (o valor mais baixo já acumulado em um mês de março). Em março do ano passado, a variação acumulada nos doze meses anteriores estava em +1,86% ao ano. Somente no primeiro trimestre de 2024, o IGP-M já acumula uma queda de -0,91% (outro recorde histórico). 

Atacado
Em março, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) - que representa 60% da variação do IGP-M - apresentou uma variação fortemente negativa de -0,77%, puxando o IGP-M do mês para o campo negativo no mês, da mesma forma que havia acontecido em fevereiro. No acumulado dos últimos doze meses, o IPA continua com uma forte variação negativa de -7,05% ao ano.

Estágios de Produção
Na variação mensal, os produtos industriais tiveram queda de -1,26% enquanto os produtos agropecuários apresentaram alta de +0,62%. Nos diferentes estágios da produção, as matérias-primas brutas tiveram retração de -2,71% nos preços, os bens intermediários tiveram leve alta (+0,22%) e os bens finais ficaram estáveis (+0,03%). Nos últimos doze meses, os preços das matérias-primas acumulam variação negativa de -13,87%, enquanto os bens finais têm recuo de -0,15%.

Índices
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de +0,29% no mês de março e acumula elevação de +3,14% nos últimos doze meses, com destaques para gastos nas áreas de saúde (+4,52%) e despesas diversas (+5,70%). Os gastos com alimentação registraram alta de +0,68% no mês. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve variação de +0,24% em março, com alta acumulada de +3,29% nos últimos doze meses. 

Variações
Os aumentos mais significativos do mês vieram de alguns alimentos in natura como a cebola (+18,9%), a laranja (+17,3%), a banana (10,1%), ovos (+7,7%) e o leite in natura (+3,8%). Nos preços ao consumidor, o aluguel residencial teve destaque, com elevação de +3,25%. Entre as principais quedas, aparecem commodities como o minério de ferro (-13,3%), o arroz em casca (-10,3%) e o farelo de soja (-7,0%).

Futuro
A não ser que as medições mensais do IGP-M continuem registrando variações negativas, o que é difícil de acontecer a menos que o preço das commodities e matérias-primas continuem em queda, devemos começar a testemunhar uma recuperação do índice no acumulado a partir dos próximos meses. À medida que as quedas mensais importantes que tivemos no ano passado deixarem de fazer parte do histórico, o acumulado do IGP-M irá se recuperar e deixar o campo negativo.