Com quase 50 mil casos, Campinas realiza hoje mais um mutirão contra a dengue

A epidemia de dengue em Campinas, cidade que decretou estado de emergência em março devido à doença, deve ultrapassar os 50 mil casos nos próximos dias, se aproximando cada vez mais da marca histórica das 65 mil notificações de 2015. Na sexta-feira (12), Campinas, que no início da semana já havia registrado o segundo maior número de casos desde 1998, com 44.044, atingiu 49.224 confirmações da doença e oito óbitos, de acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses da Secretaria Municipal de Saúde. Em apenas uma semana foram 6.811 novos registros, o equivalente a 13,8% do acumulado do ano. Para tentar conter o avanço do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, mais um mutirão está marcado para sábado (13).

A média diária da doença essa semana atingiu 1.362,2 casos. Com exceção de segunda-feira (1.631 notificações), que sempre apresenta números mais elevados devido à falta de atualização do Painel no fim de semana, a quarta-feira teve o maior número de notificações, com 1.458 casos. Na terça-feira foram 1.105, quinta 1.305, e sexta-feira (12) mais 1.312. O público mais afetado continua sendo o de 20 a 29 anos, com o total de 9.240 casos, seguido do de 30 a 39, com 8.226. Idosos acima de 60 até 80 anos somam 7.210 infecções confirmadas. Crianças, adolescentes e jovens de 0 a 19 anos somam 10.917. 

Os números corroboram a previsão das autoridades sanitárias de que a cidade vai atingir o pico da dengue ainda neste mês e, segundo o quadro evolutivo da doença, com chances de se igualar, ou até mesmo ultrapassar, a pior epidemia, em 2015, que teve 65.754 casos e 22 óbitos. No dia 7 de março, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) decretou estado de emergência e fez a previsão que Campinas poderia atingir o pico de 100 mil casos em maio.

“A previsão do pico é feita analisando toda a série histórica da doença. Geralmente isso acontece na segunda quinzena de abril”, disse Fausto Marinho Neto, coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas. Segundo ele, no entanto, a proliferação do mosquito vetor e a transmissibilidade da doença estão relacionadas às condições climáticas. “Se a temperatura não cair, por exemplo, poderemos continuar com um alto índice de casos. Com a chegada do frio, sempre há uma queda na linha de transmissão e uma estabilização”, acrescentou.

Desde o início do ano as semanas epidemiológicas com mais registros até agora são a 12ª (do dia 17 a 23/03), com 7.522 notificações, sendo 211 casos em análise, seguida da 11ª (10 a 16/03), com 6.482 infecções e 216 aguardando confirmação, a 13ª (24 a 30/03), com o total de 6.477 e 336 verificações, e a 14ª (31/03 a 06/04), com 6.003 casos e 366 em verificação. Esses dados são alterados constantemente conforme há novas confirmações. A notificação é feita a partir da data do inicio dos sintomas.

Para Marinho Neto, o momento atual requer ainda muitos cuidados, como uso de repelentes e a constante busca por criadouros para eliminá-los. Ele lembrou que a cidade vem intensificando o combate, com aumento de nebulizações, por exemplo, e treinamento das equipes de saúde para agilizar a identificação dos pacientes com dengue, principalmente nos casos em que a doença pode evoluir e se tornar grave.

NOVO MUTIRÃO

Neste sábado (13), a cidade também realiza o 11º mutirão para prevenção e combate à dengue. Desta vez a ação será nos parques Itajaí I, II, III e IV e nos jardins Lisa e Liliza e contará com voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores da empresa terceirizada Impacto Controle de Pragas, que atuam nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros. Eles usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. Em caso de dúvidas sobre a identificação, a população pode pedir informações pelo telefone 199, da Defesa Civil.

Ainda neste sábado (13), oito centros de saúde farão o atendimento com foco prioritário em pacientes com dengue das 8h às 17h: Campo Belo, Aurélia, Valença, São Quirino, DIC I, Santa Lúcia, Florence e Vista Alegre. Outras duas unidades funcionam das 8h às 13h, Vila Ipê e Capivari.

VACINAÇÃO

Campinas começou a aplicar a vacina contra a dengue em crianças e adolescentes na última quinta-feira. O Ministério da Saúde destinou ao município 18.063 doses da vacina para o público-alvo de 10 a 14 anos. Ela está disponível em todos os 68 Centros de Saúde. Ao contrário do que foi inicialmente divulgado pela Prefeitura, que a vacinação contra a dengue continuaria neste sábado em dez centros de saúde, isso não acontecerá. O motivo é que a Administração optou por concentrar esforços para otimizar a campanha do Dia D de imunização contra a gripe.

DIA D DE VACINAÇÃO CONTRA A GRIPE

63 dos 68 centros de saúde de Campinas estarão abertos neste sábado (13) para o Dia D de vacinação contra a gripe, doença provocada pelo vírus Influenza. Em 62 unidades, as doses serão aplicadas das 8h às 17h. No caso específico do CS Capivari, a ação começa no mesmo horário, mas termina às 13h. 

De acordo com a Prefeitura, servidores de cinco centros de saúde não aderiram à campanha, portanto as unidades permanecerão fechadas: Esmeraldina, Jardim Santa Odila, Village, Tancredão (Campos Elíseos) e Vila Orosimbo Maia. Neste momento, os imunizantes são direcionados para grupos prioritários. Este público-alvo total está estimado em 478,2 mil e a meta da Saúde é imunizar 90% de cada um da lista.

A coordenadora do Programa de Imunização, Chaúla Vizelli, ressaltou que a vacina é segura e protege contra os principais vírus da gripe em circulação: o influenza A (H1N1), influenza A (H3N2) e o vírus influenza B. Ela fez um apelo para que a população se imunize para evitar complicações pela infecção que podem resultar em internações ou morte. “A população que procurar a vacinação nos centros de saúde também terá oportunidade de atualizar o esquema vacinal com as demais vacinas, caso seja necessário”, explicou Chaúla. 

No caso das crianças que recebem o imunizante pela primeira vez, é preciso tomar duas doses, com intervalo de 30 dias. “A vacina é segura e ajuda a preservar vidas. Sabemos que a maioria das pessoas que acabam internadas são as que deixaram de se imunizar, por isso, é muito importante que a população incentive a cultura de vacinação para se proteger e evitar sobrecarga na rede de saúde”, completou Chaúla.

Também podem tomar a vacina trabalhadores da área de saúde e educação, pessoas com deficiência permanente, com comorbidades, caminhoneiros, trabalhadores do transporte rodoviário coletivo, trabalhadores portuários, povos indígenas,população em situação de rua, profissionais das forças de segurança e salvamento,população do sistema de privação de liberdade, população privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

Nesta campanha, a Pasta fará registro nominal de quem recebeu a dose. De acordo com Chaúla, isso garante um processo mais qualitativo e garante rastreabilidade dos dados.

“Até o ano passado os dados eram somente consolidados, ou seja, a gente marcava o número de pessoas vacinadas no dia, semana e ao longo da campanha. Agora, o registro da campanha de vacinação contra a gripe é qualitativo e a vantagem é justamente ter uma rastreabilidade maior, mais confiabilidade, transparência e ter todo o histórico da pessoa no sistema. E a gente consegue aproveitar a oportunidade vacinal para verificar o esquema e fazer a atualização de outras doses caso elas sejam necessárias”, falou a coordenadora.

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