EPIDEMIA

Saúde confirma envio de vacinas contra a dengue para a RMC

Pasta do governo federal ainda não especificou quais cidades serão contempladas; Campinas se antecipou e afirmou que receberá doses

Eliane Santos/ [email protected]
28/03/2024 às 09:34.
Atualizado em 28/03/2024 às 09:34
Vacina contra a doença é destinada, no momento, para pessoas entre 10 e 14 anos (Divulgação)

Vacina contra a doença é destinada, no momento, para pessoas entre 10 e 14 anos (Divulgação)

O Ministério da Saúde confirmou na quarta-feira (27) que cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) receberão a vacina contra a dengue para o público de 10 a 14 anos. Embora não tenha divulgado a relação dos municípios até o fechamento desta edição, a RMC consta na nova relação apresentada na quarta-feira (27) pela Pasta. Campinas, que com menos de três meses já tem a terceira pior epidemia em 27 anos, se antecipou e confirmou que foi contemplada na ampliação feita pelo Ministério da Saúde. 

O anúncio foi feito uma semana após o prefeito Dário Saadi (Republicanos), também vice-presidente da área de Saúde da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), ter ser reunido com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para tratar sobre a distribuição de doses. No dia 8 deste mês, as 20 cidades da RMC mobilizaram forças e definiram ações conjuntas de combate à dengue para tentar conter o avanço da epidemia, uma delas justamente a reivindicação ao governo federal por doses da vacina contra a doença. A quantidade de doses e quando elas estarão disponíveis para as cidades da região também ainda não foi revelada.

A inclusão da RMC na lista prioritária para receber a vacina contra a dengue acontece logo após a confirmação da sétima vítima fatal. Santo Antônio de Posse confirmou o segundo óbito em decorrência da dengue neste ano. A vítima era uma mulher na faixa etária entre 65 e 79 anos. Itatiba já registrou uma morte enquanto Campinas tem quatro vítimas fatais neste ano.

Na quarta-feira (27), Campinas atingiu a marca de 30.864 casos positivos da doença e acumula quatro óbitos. A cidade também tem dois casos de chikungunya, os dois importados, ou seja, cuja infecção ocorreu fora de Campinas. A Semana Epidemiológica (SE) 11, iniciada no dia 10 de março, foi a pior registrada até agora com 5.623 casos, seguida da SE 10 com 5.097 notificações e da SE 9, do dia 25 de fevereiro a 2 de março, com o total de 4.273.

A vacina anunciada pelo Ministério da Saúde será destinada ao público na faixa etária entre 10 e 14 anos. De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, da Secretaria de Saúde, a faixa etária de 10 a 19 anos totalizava até na quarta-feira (27) 3.959 notificações, ocupando o quarto lugar entre as faixas etárias no ranking. Em primeiro lugar aparece a faixa etária de 20 a 29 anos com 5.902 notificações, seguida das pessoas 30 a 39, com 5.279; 40 a 49, com 4.765; 50 a 59, com 3.873; 60 a 69, com 2.566; 70 a 79, com 1.267. Foram também 509 casos na população com 80 anos ou mais. Todas as vítimas de Campinas tinham mais de 70 anos: dois homens, de 72 e 94 anos, e duas mulheres, uma de 86 e outra de 94.

Projeções do governo municipal indicam que a cidade deve registrar o pico da epidemia no mês de abril. Atualmente a cidade já vive a terceira pior epidemia da série histórica, perdendo apenas para o ano de 2015, com 65.754, e 2014, com 42.400 casos. A Prefeitura de Campinas chegou a anunciar a previsão de 2024 atingir 100 mil casos da doença. A cidade decretou situação de emergência pública em saúde, por conta da dengue, em 7 de março. Campinas também registra pela primeira vez na história a circulação simultânea de três tipos sorotipos da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3). Apenas o tipo 4 ainda não foi confirmado este ano. Ele e o tipo três têm maior potencial de causar a forma mais grave da doença.

HISTÓRICO

Em fevereiro, o Ministério da Saúde colocou 521 municípios na lista inicial, mas não incluiu as cidades da RMC. No mesmo mês, Dário enviou um ofício para reivindicar a inclusão de Campinas na lista e, na semana passada, foi até a capital federal para abordar o assunto durante agenda pela FNP. Na ocasião, Nísia anunciou revisão da lista e, na quarta-feira (27), o Ministério da Saúde acrescentou 154 cidades na relação. 

Além de receber uma nova remessa de doses, o Ministério da Saúde explicou que há 668 mil doses próximas do vencimento, previsto para 30 de abril, mais 523 mil com validade para expirar em junho e 84 mil em julho. “Não podemos deixar essas doses vencerem.

Diante disso, o Ministério trouxe uma solução: redistribuir, dentro das unidades federadas, ou seja, dentro dos estados, para municípios que ainda não foram contemplados”, afirmou o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização (DPNI), Eder Gatti.

“A quantidade total de vacinas no Brasil ainda é pequena, mas é uma arma na luta contra a dengue. A decisão contempla a nossa reivindicação feita desde fevereiro, é muito positiva para Campinas e outros 153 municípios incluídos na lista. O apoio do governo federal é muito importante para enfrentamento à epidemia”, disse o prefeito Dário Saadi.

Campinas decretou situação de emergência pública em saúde, por conta da dengue, em 7 de março. Outras cidades adotaram a mesma medida, como Jaguariúna, Pedreira, Santo Antônio de Posse e Nova Odessa. A medida possibilita receber verbas estaduais e federais para o combate a doença, entre outros.

MAIS UMA MORTE

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou mais um óbito provocado pela dengue este ano, elevando para sete o número de vítimas fatais em 2024. O óbito foi registrado na cidade de Santo Antônio de Posse, que tem 255 casos confirmados da doença, e já é o segundo do município. No total, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem 43.369 notificações confirmadas e 35 casos de dengue grave. As informações são do Painel de Monitoramento da Dengue do governo estadual. 

A vítima apresentou os primeiros sintomas no dia 12 de março e morreu dois dias depois. A primeira morte por dengue na cidade foi registrada em 11 de março. Era um homem, na faixa etária de 65 e 79 anos, que morreu no dia 5 de março.

As demais cidades que já ultrapassaram a casa dos mil casos da doença este ano na RMC são Indaiatuba, com 1.087, Jaguariúna (1.654), Paulínia (1.236) e Valinhos (1.895). As que registram os menores índices são Engenheiro Coelho, com 50, Morungaba, com 69, e Pedreira, com 152. Em todo o Estado, a dengue soma 345.248 notificações, 146 óbitos e 377 casos de dengue grave.

PEIXES NO COMBATE

Entre as diversas ações que vem sendo intensificadas para combater a epidemia de dengue na região, a cidade de Vinhedo, através do Departamento de Zoonoses, vem utilizando peixes larvófagos (que se alimentam de larvas) para realizar controle biológico em piscinas do município. Este método de combate à dengue é usado desde 2013. A intervenção é feita através da introdução desses peixes em piscinas abandonadas, fontes e tanques sem tratamento do município Vinhedo e visa à eliminação do mosquito Aedes aegypti. Atualmente, a ação vem tratando 14 piscinas. As informações também são da assessoria de imprensa da cidade. Vinhedo contabilizava até quarta-feira (27) 484 notificações positivas da doença, com um caso grave em investigação.

Os locais com potencial risco para a reprodução do mosquito recebem visita de fiscalização. Após autorização, são inseridos peixes da espécie Poecilia reticulata, também conhecida como lebiste selvagem, guarú ou barrigudinho. Os peixes sobrevivem em locais com baixa quantidade de oxigênio e matéria orgânica, medem cerca de três centímetros e vivem em torno de um ano e meio. Eles se proliferam com grande facilidade, o que auxilia ainda mais no combate à larva do mosquito transmissor de dengue, zika vírus e chikungunya. Os locais recebem placa de identificação informativa da ação desenvolvida no local e são realizadas visitas de acompanhamento para verificar as condições com o passar do tempo.

De acordo com dados da Zoonoses, de todas as 14 piscinas que receberam os peixes, nenhuma delas apresentou a presença de larvas durante a rotina de acompanhamento e em todas houve proliferação de peixes em abundância. O objetivo de eliminação de larvas ocorreu em 100% dos locais.

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