SAÚDE MUNICIPAL

Com quase 28 mil casos, Campinas já tem a terceira pior epidemia de dengue

Desde o início da série histórica em 1998, município registrou mais infecções apenas em 2014 e 2015

Eliane Santos/ [email protected]
26/03/2024 às 08:33.
Atualizado em 26/03/2024 às 08:33
Prefeitura tem feito ações diárias para eliminar criadouros do Aedes aegypti, mas participação da população é essencial; recomendação é checar, semanalmente, possíveis focos do mosquito dentro de casa (Rodrigo Zanotto)

Prefeitura tem feito ações diárias para eliminar criadouros do Aedes aegypti, mas participação da população é essencial; recomendação é checar, semanalmente, possíveis focos do mosquito dentro de casa (Rodrigo Zanotto)

Campinas atingiu na segunda-feira (25) a terceira pior epidemia de dengue desde 1998, início da série histórica. Foram 27.930 notificações da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, com quatro óbitos. Pelo Painel de Monitoramento Arboviroses, 2015 continua sendo ano com o maior número de casos, 65.754. Naquele ano, 22 pessoas morreram. Na sequência, aparece o ano de 2014, quando o município registrou 42.405 notificações e 10 vítimas fatais. Até na segunda-feira (25), o ano de 2019 era o terceiro com mais casos, 26.341, com seis mortes. O ano de 2018 foi o mais tranquilo, com apenas 318 registros e nenhum óbito.

“O número deste ano já era esperado por alguns fatores que estamos falando repetidamente. Um deles é a condição climática. O calor é mais importante para a proliferação e reprodução do mosquito da dengue do que a chuva, e este ano está sendo um dos mais quentes da nossa história”, disse Andrea Von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas. Segundo a diretora, o outro fator para o aumento da doença no município é a circulação dos três sorotipos da dengue em circulação ao mesmo tempo (DENV-1, DENV-2 e DENV-3). “Isso pode indicar que muitas pessoas ainda possam contrair a doença”. acrescentou. Dos quatro tipos, apenas o 4 ainda não voltou a ser registrado na cidade. Ele e o sorotipo 3 têm maior potencial de causar a forma mais grave da doença.

Von Zuben também lembrou que quanto mais consecutivas as epidemias, maior é a porcentagem de pessoas que podem apresentar os sintomas, como febre, dores pelo corpo, manchas etc, e precisarem de atendimento médico. “É uma epidemia grande, não é só em Campinas. Estamos vivendo uma epidemia no Brasil e no Estado de São Paulo e desde novembro do ano passado estamos alertando sobre esse grande número de casos”, lembrou Von Zuben.

“Vale salientar que ainda estamos em fase de crescimento da doença e devido às condições climática, a dimensão da epidemia vai depender muito da quantidade de criadouros encontrados nas casas. Oitenta por cento dos criadouros estão nas residências e, se a população não estiver conosco,não conseguiremos ter sucesso”, finalizou. No último sábado, mais um mutirão contra a dengue foi realizado na região do Parque Oziel e na segunda-feira (25) equipes da Prefeitura, entre outros, faziam trabalhos de eliminação dos criadouros e conscientização da população na região do São Marcos.

CENTROS DE SAÚDE

Os 11 centros de saúde (CSs) de Campinas abertos no fim de semana para ampliar a assistência aos pacientes com sintomas de dengue, e reduzir a demanda por atendimentos na Rede Mário Gatti, receberam 1.195 pacientes no sábado e domingo, 23 e 24 de março. O total de atendimentos considera novos casos e retornos: foram 1.071 no sábado e 124 no domingo. As 11 unidades básicas funcionaram em esquema especial, das 7h às 17h. "Só por esse número a gente tem a condição de dizer que de fato acertou em abrir e estender os horários das unidades, pois senão esses pacientes estariam indo para as portas hospitalares", avaliou a diretora de Saúde, Monica Nunes.

Os centros que mais receberam pacientes no fim de semana foram: Jardim Aeroporto, Jardim Aurélia e Santo Antônio. Para viabilizar o funcionamento ampliado das unidades, a Saúde fará pagamento de horas extras aos profissionais, uma das medidas previstas no decreto para situação de emergência em saúde pública por conta da epidemia de dengue.

O diretor técnico do Hospital Mário Gatti e da Rede de Urgência e Emergência da Rede Mário Gatti, Carlos Arca, avaliou que é fundamental que os Centros de Saúde façam atendimento ampliado aos sábados, domingos e feriados. “Somente no sábado foram 600 pessoas a menos nas nossas portas. Isso faz com que os atendimentos da UPAS e prontos-socorros fiquem focadas nos casos de média e alta complexidade”, afirmou.

Segundo Arca, a medida organiza o sistema e é boa para o cidadão também porque nos Centros de Saúde o paciente (casos de baixa complexidade) aguarda menos tempo e é onde também ele faz o acompanhamento do caso até a alta. "Essa iniciativa da Secretaria de Saúde é muito bem-vinda para que ela desafogue a porta dos prontos-socorros e das UPAs, garantindo que os pacientes com maior gravidade sejam atendidos com maior rapidez nessas unidades. Nós, da Rede Mário Gatti, poderemos garantir um atendimento mais ágil àqueles que realmente precisam de um atendimento de urgência e emergência." 

Os Centros de Saúde que atenderam com esquema especial no sábado foram: Florence, Valença, Ipê, Aeroporto, Capivari, Santo Antônio, União de Bairros, Aurélia e São Quirino. Já os três que atenderam no período convencional, portanto, das 7h às 13h, foram: Dic 1, Santa Lúcia e Vista Alegre. A Saúde ainda reforçou o esquema de assistência e abriu o CS Campo Belo, das 7h às 17h. O Laboratório Municipal funcionou para receber amostras de exames. (Com informações da Prefeitura de Campinas). Já no domingo, o CS São Bernardo abriu no mesmo horário para receber pacientes com sintomas de dengue. Neste caso, os exames foram analisados pela Rede Mário Gatti.

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