NOS PARQUES PÚBLICOS

Campinas aguarda aval do Estado para iniciar esterilização de capivaras

Início do processo estava previsto para este mês; Prefeitura diz que enviou informações adicionais solicitadas pelo Estado e que faltam apenas ajustes finais

Eliane Santos/ [email protected]
05/05/2024 às 11:26.
Atualizado em 05/05/2024 às 11:26
200 animais serão esterilizados, sendo que as fêmeas passarão por processo de salpingectomia (Rodrigo Zanotto)

200 animais serão esterilizados, sendo que as fêmeas passarão por processo de salpingectomia (Rodrigo Zanotto)

O processo de castração das capivaras que habitam os parques públicos de Campinas, previsto para começar este mês, ainda aguarda a autorização do governo do Estado. De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), os serviços de captura e de realização dos procedimentos cirúrgicos desses animais depende da análise de novas informações solicitadas à Prefeitura da cidade.

Sem detalhar que tipo de informações, o órgão estadual apenas confirmou a demanda feita no mês passado após reunião da Coordenação de Fauna Silvestre (CFS) com representantes municipais e da empresa vencedora da licitação. Está prevista a realização de manejo, alimentação e procedimentos cirúrgicos. A capivara é um dos hospedeiros do carrapatoestrela, transmissor da febre maculosa. As fêmeas passarão por processo de salpingectomia (procedimento para remoção das tubas uterinas ou trompas de Falópio) e os machos pela vasectomia.

Em nota encaminhada ao Correio Popular, a Semil, por meio da Coordenação de Fauna Silvestre, informou que aguarda o recebimento das informações adicionais para dar seguimento ao processo. De acordo com a Pasta, em novembro de 2023, a Prefeitura solicitou autorização da CFS para o manejo reprodutivo desses animais, que vivem em áreas públicas da cidade. Após receber as informações, será feita uma nova análise e vistoria técnicas nas áreas de manejo.

A Prefeitura afirmou na sexta-feira (3) que já atendeu ao pedido do Estado e que o “processo de autorização é bem dinâmico”, mas que a Administração está nos ajustes finais para isso. “A empresa já está contratada e o abrigo das capivaras já está pronto”. A área de manejo será dentro do Parque Portugal, popularmente conhecido como Lagoa do Taquaral. A data de início do processo será divulgada em breve.

HISTÓRICO

Em fevereiro deste ano, após o surto de febre maculosa em 2023 (20 registros da doença e 7 mortes), a Secretaria Municipal de Administração publicou a homologação e adjudicação da licitação para contratação de serviço médico veterinário de vasectomia e salpingectomia das capivaras, um dos hospedeiros do carrapato-estrela, vetor da doença. A empresa vencedora foi a A Z Nunes & Cia Ltda, que apresentou o valor da cirurgia em R$ 1.090,00. Como são cerca de 200 animais, o total previsto é de R$ 218 mil. A empresa fará o serviço de captura das capivaras, alocação em área de manejo, alimentação diária e posterior devolução aos locais de origem.

Segundo divulgou a Secretaria de Administração à época, o processo junto ao Estado estava em andamento e a previsão é que os serviços pudessem ser realizados a partir deste mês. Todo o processo envolveu a Secretaria de Justiça, Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA) da Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas).

Durante o procedimento, as capivaras que vivem livremente nos parques públicos serão capturadas, identificadas, microchipadas, alimentadas, examinadas e encaminhadas para um centro cirúrgico onde serão esterilizadas. Os machos passarão por vasectomia e as fêmeas pela salpingectomia. Depois serão devolvidas ao local onde vivem.

A Seclimas estima que 200 animais serão esterilizados. A prestação de serviço para o manejo das capivaras envolve a captura, transporte, alocação em área de manejo, alimentação e devolução aos parques de origem. No local de manejo, a Lagoa do Taquaral, já vivem parte das 200 capivaras.

A ação está prevista para acontecer em dez parques: Lago do Café, Lagoa do Taquaral, Parque das Águas, Lagoas do Comando do Exército, Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, Lagoa do São Domingos, Parque Ecológico do Jambeiro, Lagoa da Escola de Cadetes, Parque Linear Ribeirão das Pedras e Parque Linear Lagoa do Mingone. Nesses locais haverá participação direta das secretarias de Saúde, Serviços Públicos, Seclimas e da Sanasa.

A DOENÇA

A esterilização das capivaras tem por objetivo controlar a população desses animais silvestres para diminuir os riscos de transmissão de febre maculosa, uma doença grave que envolve a capivara e o carrapato-estrela, como explicou em entrevista ao Correio Popular em junho de 2023 o titular da Seclimas, Rogério Menezes. "O nosso problema é quando a bactéria Rickettsia ricketsii cai no sangue do animal jovem, que acabou de nascer, e aí tem a bacteremia. Todo carrapato que estiver nesta capivara e entrar em contato com o sangue vai passar a transmitir a bactéria. A nossa preocupação é estabilizar a população para diminuir o dinamismo nesse grupo, para que não se reproduzam. Quando não há a esterilização, animais novos nascem com mais frequência e os mais velhos vão sendo expulsos do grupo."

Em 2022 foram confirmados 11 casos de febre maculosa em Campinas, sendo nove delas com transmissão no município. Houve registro de sete mortes. Em 2023, foram 20 casos confirmados e sete óbitos. Este ano ainda não há registro de febre maculosa.

CENSO

Em junho do ano passado, Campinas iniciou o inventário da população de capivaras nos parques públicos visando à autorização de manejo e esterilização dos animais à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. O levantamento foi executado através de uma força-tarefa composta por técnicos do gabinete da Secretaria e pelo Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBea) sob supervisão técnica do veterinário Paulo Anselmo. O trabalho permitiu inventariar as capivaras nos parques públicos identificando o número de grupos, fêmeas, filhotes e machos – incluindo os machos dominantes (um por grupo) e solitários (satélites, que ficam próximos ao grupo). Além disso, a equipe analisou a distribuição espacial dos grupos pelo parque, onde costumam ficar e circular.

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