ENTREVISTA

Agenor conta a saga das farmácias de manipulação

Empresa fundada por ele em 1987 importa, fraciona e vende insumos

Daniel Rocha/ [email protected]
05/05/2024 às 10:48.
Atualizado em 05/05/2024 às 10:48
Farmacêutico Agenor Giuliette Jr. falou sobre sua infância e passagem na Marinha (Rodrigo Zanotto)

Farmacêutico Agenor Giuliette Jr. falou sobre sua infância e passagem na Marinha (Rodrigo Zanotto)

Vida saudável, longevidade e beleza são os pilares da Galena Farmacêutica, empresa fundada em 1987. A empresa importa, fraciona e distribui insumos para farmácias de manipulação, bem como para as indústrias cosmética, alimentícia, farmacêutica e veterinária.

Convidado pelo presidente executivo do Correio Popular, Ítalo Hamilton Barioni, o fundador e CEO da empresa, o farmacêutico Agenor Giuliette Jr., conversou sobre sua infância em Campinas, seu período na Marinha e o trabalho da companhia. O nome "Galena" é uma homenagem a Galeno de Pérgamo, pai da Farmácia greco-romana.

Giuliette Jr. também discutiu a deficiência do Brasil na produção de matérias-primas farmacêuticas, os avanços científicos das últimas décadas e um recente contrato com a empresa de alimentos JBS para a distribuição de um produto à base de colágeno. Confira os principais trechos desta entrevista.

Conte-nos um pouco sobre seus primeiros anos. De onde o senhor é?

Eu nasci em Campinas, na Casa de Saúde. Meu avô era ferroviário e veio de Amparo para Campinas para trabalhar na Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. O meu pai, consequentemente, também era de Amparo e a minha mãe de Uberaba. Eles se conheceram aqui. Eu nasci em 1961. Após um tempo em Campinas, nos mudamos para São Paulo, por conta de um trabalho do meu pai e, na volta à Campinas, eu dei início a minha carreira.

Como isso aconteceu?

Aos 15 anos eu entrei no Colégio Técnico Industrial Conselheiro Antonio Parado (Coticap), que é a atual Escola Técnica Estadual Conselheiro Antonio Parado (Etecap), para cursar Bioquímica. Eu adorava Química e Biologia e tinha muita facilidade com as duas e, na época, eu recebi um folheto falando sobre o vestibulinho e eu resolvi prestá-lo. Nesse folheto tava escrito que a Bioquímica era uma das ciências da vida e que se relacionava com medicamentos e eu pensei: "é isso o que eu quero para minha vida" e fui atrás. A minha família sempre foi muito humilde e não tínhamos condições de pagar uma faculdade, então, eu sempre tive de fazer os meus estudos em instituições públicas e, no caso do Etecap, em um colégio técnico, o que me formou, sem dúvida nenhuma, como pessoa.

Cursar um colégio técnico fez muita diferença em sua vida?

Sem dúvida nenhuma. O colégio foi tão bom para mim que logo após o término do curso de Bioquímica, eu entrei na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, a fim de estudar Farmácia e me formei em 1984. Eu estava determinado. Para me formar no Etecap, eu fiz estágios no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Monsanto, onde hoje é o Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Betel, que eu pude ver ser construído, inclusive. Após a faculdade, eu sirvo por dois anos na Marinha, como farmacêutico, entre 1985 e 1986, e, em 1987 eu volto para Campinas e fundo a Galena, a minha empresa que completou 37 anos de história neste mês de abril.

Que tipo de trabalho um farmacêutico realiza na Marinha?

A Marinha conta com um corpo de saúde formado por médicos, dentistas e farmacêuticos. Eu não fui convocado, eu me voluntariei para esse serviço. Eu queria retribuir um pouco do que eu recebi, por sempre ter estudado em instituições públicas de ensino e foi uma experiência bem interessante, diferente. Foi uma grande escola, porque nas Forças Armadas você aprende muito sobre disciplina e liderança e isso foi fundamental para minha vida. Eu podia ter servido por até quatro anos, mas fiquei dois. Meu posto era na fronteira do Brasil com a Bolívia, na Base Fluvial de Ladário, no Mato Grosso do Sul.

Depois de sair da Marinha, o senhor decidiu empreender?

Sim. Eu queria trabalhar na área e naquela época os farmacêuticos não estavam nas farmácias. Eles apenas "assinavam" a farmácia. Meus colegas de faculdade e eu fomos várias vezes até Brasília para brigar pela profissão, para trazer o farmacêutico de volta às farmácias e um dos resgates da profissão foi fazer com que este fosse trabalhar nas chamadas "farmácias de manipulação". Dado isso, nós identificamos que, no Brasil, naquele momento, em 1987, existiam cerca de 150 farmácias deste tipo e ninguém fracionava matérias-primas para elas. Como a importação na época era restrita, uma vez que isto se deu antes da abertura de mercado ocorrida em 1990, nós acabamos inventando o conceito de fracionamento para a indústria farmacêutica, o chamado "fracionamento técnico", porque, até então, os fracionamentos aconteciam em galpões, de uma maneira bastante rudimentar. Dado isso, nós montamos um laboratório, com cabines com temperatura e pressão controladas, para fracionar essas matérias-primas e isso é assim até hoje.

Mesmo com essa diferenciação, a Galena é considerada uma indústria farmacêutica?

Sim. A Galena é uma indústria farmacêutica. Nós somos equiparados à indústria farmacêutica. Somos inspecionados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o mais alto grau de exigência e controle de qualidade, tal como a indústria farmacêutica. Hoje, nós contamos com 52 farmacêuticos no nosso quadro de colaboradores, que, no total, conta com cerca de 250 profissionais.

A distribuição dessa matéria-prima fracionada é voltada principalmente para farmácias de manipulação?

Sim. E voltando ao início de tudo, só para contextualizar, a partir do momento em que a gente começa a fazer isso, eu viajo o país todo, dando palestras, incentivando colegas farmacêuticos a voltarem para as farmácias e a estabelecerem novas farmácias magistrais, que é outro nome para as farmácias de manipulação. Então, mais que criar uma empresa, eu precisava criar um mercado, porque ele praticamente não existia, e íamos às universidades, aos conselhos de farmácia, aos órgãos de classe da profissão, dando palestras e incentivando os farmacêuticos a se abrirem para essa nova ideia. Com a abertura de mercado, a gente começa a importar matérias-primas e a fracioná-las com qualidade e a distribuí-las. A Galena foi um catalisador para a abertura de farmácias magistrais no Brasil naquele período. Hoje são mais de 8.500 em todo o Brasil e nós atendemos a imensa maioria delas.

Agenor apresenta as raridades do seu museu que abriga peças e artefatos do mundo farmacêutico (Alessandro Torres)

Agenor apresenta as raridades do seu museu que abriga peças e artefatos do mundo farmacêutico (Alessandro Torres)

Atualmente, a Galena enfrenta concorrência no mercado?

Sim, sempre tivemos concorrentes, porém, a princípio, eles vendiam para a indústria e nós começamos vendendo para as farmácias. Hoje, nós também vendemos para a indústria e a Galena também é um grande player nessa seara. Mas voltando a questão das farmácias, os grandes importadores de matérias-primas da época queriam vender para a indústria, porque é o que havia. Existiam poucas farmácias de manipulação e nós começamos a trabalhar com a importação, fracionamento e distribuição para elas e é nesse momento que o mercado começa a crescer, pois esses importadores passam a perceber que havia um mercado subvalorizado. Foi aí que eles se interessaram em atender as farmácias também.

Como é a relação de vocês com a indústria de cosméticos que atendem?

A indústria cosmética cresceu muito desde a fundação da Galena. Só no Brasil, são mais de duas mil empresas. O Brasil é o segundo mercado de dermatologia do planeta, perdendo apenas para os Estados Unidos. Nós somos também o primeiro mercado de cabelo do mundo e somos campeões mundiais no número de farmácias magistrais. E olha, a Galena não trabalha com um produto acabado, mas ela faz um ótimo trabalho no chamado B2C, ou seja, tratando diretamente com o consumidor final e não só com as farmácias ou a indústria, desenvolvendo produtos muito diferenciados, além das matérias-primas clássicas com as quais quaisquer farmácias, em geral, trabalham. Então, eu tenho os chamados insumos farmacêuticos ativos, não o produto acabado, mas forneço essas matériasprimas para as farmácias e para as indústrias desenvolverem os seus próprios produtos. Em 1992, uma empresa japonesa chamada Nikkol, uma das maiores fabricantes de matérias-primas do mundo, disse estar procurando um distribuidor no Brasil e, por conta dos nossos produtos serem diferenciados, nos procuraram e a gente passou a representá-los em solo brasileiro desde então. A Nikkol é uma potência. Foram eles que desenvolveram a vitamina C especificamente para os cosméticos, por exemplo. E foi nessa toada que nós começamos a apresentar esses produtos aos dermatologistas e a aceitação foi muito boa.

Hoje, existe o conceito de trabalhar com diferentes tipos de peles, cabelos e outras características individuais.

Sim, porque hoje é possível criar formulações diferenciadas para serem produzidas nas farmácias de manipulação sob prescrição, mesmo porque as peles são diferentes. Esse conceito hoje abarca mais de trinta tipos de pele comprovadamente identificadas e aí começa a ser estabelecido um modelo verdadeiramente técnico. Hoje, são mais de trinta grandes marcas internacionais que nós distribuímos com exclusividade.

Qual é a participação da Galena nas vendas para a indústria?

A venda para as farmácias ainda é o nosso principal negócio e gira em torno de 75% do faturamento. A indústria corresponde aos outros 25%. E estas vendas são muito importantes porque acabam fazendo com que a gente desenvolva produtos técnicos, como o Morosil, um potente antioxidante, que também tem funções que acabam ajudando no gerenciamento de peso, e o Nutricolin, que nós desenvolvemos, mas cuja matéria prima é produzida na Suíça, porque, infelizmente, o Brasil, praticamente, não conta com produção de matérias-primas. É um silício estabilizado em colina (uma das vitaminas do complexo B que pode mover gorduras para fora do fígado e convertê-las em energia). O silício, no caso, é muito importante para a formação óssea e para o tecido conjuntivo, sendo extremamente importante a sua reposição. Esses são dois produtos registrados e aprovados pela Anvisa.

Há iniciativas sendo consideradas para transformar o Brasil em um produtor de matérias-primas?

Agora, em meio à pandemia de covid-19, começou-se uma discussão na Associação Brasileira de Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi) e na Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) para tentar fomentar esse mercado, porém, hoje, não há mais do que setenta pequenas empresas no Brasil que realizam isso, porque são produções complexas. Há produtos fitoterápicos também, mas não são chás ou plantas simplesmente. São extratos que ao serem desencadeados chegam ao produto acabado. Hoje, a Galena tem projetos com vários institutos de pesquisa, na área de cosmetologia, porque a base de pesquisa na nossa área no Brasil é pequena. A base de desenvolvimento é maior.

Diante de tudo isso, imagino que o início da Galena não tenha sido fácil.

Olha, eu passei por todos os planos econômicos que o Brasil teve naquele período e eu te digo que a gente só sobreviveu por Deus mesmo. E por muito trabalho. A minha sorte foi que eu comecei a Galena solteiro, porque eu trabalhava o dia todo. Eu dormia seis ou sete horas e o resto era trabalho. A princípio, a empresa ficava no Guanabara, em duas casas e, em 1994, nós construímos lá nos Amarais. Hoje são três prédios, sendo que o primeiro a ser utilizado abrigou toda a estrutura técnica que nós precisávamos para trabalharmos.

A Galena também trabalha com uma ampla variedade de nutracêuticos. O que são esses produtos?

Eles são um importante segmento nosso, junto dos suplementos alimentares. Os nutracêuticos são produtos que não são só suplementos alimentares, mas também não chegam a ser medicamentos. São produtos que se encontram nesta transição. O Nutricolin é um exemplo deles. É um silício estabilizado em colina, que serve como um suplemento para cabelo, pele e unhas. Ele tem uma entrega mais efetiva do que a de um suplemento alimentar. Hoje nós desenvolvemos vários ativos nessa linha e estamos em constantes pesquisas com os nossos mais de trinta parceiros.

Agenor Giuliette Jr. visitou a sede do jornal Correio Popular, onde concedeu entrevista exclusiva a convite do presidente executivo Ítalo Hamilton Barioni (Rodrigo Zanotto)

Agenor Giuliette Jr. visitou a sede do jornal Correio Popular, onde concedeu entrevista exclusiva a convite do presidente executivo Ítalo Hamilton Barioni (Rodrigo Zanotto)

Como o senhor avalia o avanço da ciência nas últimas décadas?

Olha, tratando só do meu ramo de ação, nesse universo, qualquer produto, qualquer medicamento, tem uma trajetória mínima de uns dez anos de pesquisa com uma molécula mínima. Por isso mesmo é que só as grandes marcas conseguem bancar e investir, porque são desenvolvimentos caríssimos, que, em geral, vão durar todo esse tempo. E a maioria desses projetos fica pelo caminho. Mas existem produtos menos complexos, como suplementos alimentares, cujo mercado cresceu muito nos últimos anos, e o da indústria cosmética, que produz para o consumo básico, mas também se movimenta para a criação de produtos que entregam propriedades medicinais, como os dermocosméticos. Essa é uma indústria muito mais técnica. As grandes multinacionais já têm linhas específicas desse tipo de produto e esse modelo vai crescer bastante, tendo uma aceleração muito forte nessa década. E as médias empresas começam a perceber isso e, com o tempo, tornam-se gigantes. O Boticário, por exemplo, começou como uma farmácia de manipulação em Curitiba e hoje é um de nossos principais clientes na área dermatológica e há centenas de outras empresas que seguiram uma trajetória similar. Além disso, os médicos, hoje em dia, precisam oferecer um tratamento personalizado e esse é o grande diferencial da Galena, porque ela consegue entregar o que o médico quer e o paciente precisa e vários segmentos da Medicina já perceberam a necessidade desse tratamento personalizado.

Além de ser natural de Campinas e apaixonado pela cidade, o que mais motivou o senhor a instalar sua empresa no município?

Campinas é um hub de distribuição e nós temos clientes nos 27 estados brasileiros. Atendemos a mais de oito mil farmácias e seja por via terrestre ou aérea, fica fácil de chegarmos a elas com relativa velocidade, algo que é necessário no nosso segmento. Além disso, mais de 80% dos profissionais da Galena contam com nível superior, até porque é uma empresa muito técnica, e não são só farmacêuticos. Nós empregamos também engenheiros, biólogos e muitos outros tipos de profissionais, entre diretos e terceirizados. Sem contar o nosso investimento em automação na área de tecnologia da informação.

A Galena acabou de fechar um contrato com a JBS. Como foi esse acordo?

Sim. Acabamos de fechar uma parceria com a JBS. Bom, eles dominam toda a cadeia de produção bovina e acabaram de montar uma planta no município de Presidente Epitácio, no Pontal do Paranapanema, e investiram cerca de R$500 milhões nesse local, para usarem todo o substrato, o subproduto do boi, a fim de chegarem a um colágeno para suplementação oral. Esse produto não tem nenhum tipo de odor e eles já estão exportando pro mundo todo e nós estamos distribuindo para as farmácias magistrais. Faz dois meses que esse contrato foi fechado. É um lançamento. E isso mostra que nessa década vai ser muito acelerado o desenvolvimento das estruturas que fazem parte das ciências da vida e nós estamos inseridos nesse contexto, com o desenvolvimento de pesquisas e parcerias. Nós temos na Galena um laboratório de protótipos, onde nós desenvolvemos as fórmulas e sugerimos tanto para as farmácias, quanto para as indústrias. São dois laboratórios, um de nutracêuticos e outro de dermocosméticos.

Uma questão que passou despercebida, mas que é crucial: como é a logística envolvida em tudo isso?

Olha, todos os produtos exigem controle de temperatura, por exemplo, e por isso mesmo, nós importamos vários deles em contêineres refrigerados. A Anvisa checa a temperatura aqui na chegada e a gente tem de comprovar através de auditorias independentes se ele foi despachado de acordo com as normas vigentes. Há um controle muito forte e muito efetivo nos portos e aeroportos, tanto para a matéria-prima, como para o produto acabado. Mas eu creio que o nosso grande trabalho é encontrar os grandes produtores, porque os grandes fabricantes para indústria farmacêutica mundial são os chineses e os indianos. China e Índia estão na base de, praticamente, todas as matérias-primas, dos insumos farmacêuticos ativos e dos grandes produtores. Europa e Japão também podem ser inclusos nesse rol. E como eu disse antes, a nossa linha é ampla e a gente, pela lei, precisa certificar o produtor e enviar uma auditoria independente até a sua planta para certificar as condições operacionais, mesmo porque estamos falando de saúde e não de um produto qualquer, né?

A pandemia e as guerras impactaram significativamente a entrega de insumos?

Sim. Teve um impacto, sim. E nós sempre passamos por ciclos desse tipo. Por isso mesmo, a Galena trabalha com cinco ou seis meses de estoque. Nós temos um estoque gigantesco, porque nós precisamos abastecer os nossos clientes e os nossos softwares fazem essa leitura e regulam esse abastecimento.

Houve tempo para estabelecer um relacionamento, casar e ter filhos?

Olha, isso só aconteceu porque a minha esposa é farmacêutica também e entende bem como o ramo funciona. Inclusive, ela tem uma farmácia de manipulação. Hoje nós temos três filhos, mas nenhum deles quer ser farmacêutico, porque acabaram ficando meio traumatizados com as vidas que os pais levam.

Por fim, é verdade que a Galena documentou toda a sua trajetória durante esse período e mantém ainda um pequeno museu?

Pois é. Por uma felicidade gigantesca, tudo o que a empresa fez foi registrado através do Notícias Galena, que é de 1990, e que, com quase 34 anos de publicação ininterrupta, é, em seu segmento, o periódico mais longevo do Brasil. Quanto ao museu, nas minhas andanças pelo mundo, eu fui coletando peças, instrumentos, artefatos, todos relacionados ao mundo farmacêutico. Hoje em dia, há um pequeno museu na empresa e eu estou só esperando pela oportunidade de levá-lo para fora dela para que o público possa ter acesso a essa preciosidade histórica.

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